Entre caveiras, caixões e paredes negras com estampas
coloridas, a banda toca o legítimo rock britânico. São 20 horas. Lá fora há
luz. Aqui a fumaça e o ambiente escuro simulam a noite. A banda de cabeludos
empolga os roqueiros de plantão. Na plateia, locais, estrangeiros e estranhos
em geral. Do meu lado, dois grandões de cabelos longos e loiros chacoalham a
cabeça. – Estou realmente em Londres, penso. Para me contradizer ou confirmar,
um deles dispara em bom português: –
Toca Raul! Eram brasileiros...
Nunca fui mega fã do Seixas, mas ele é o cara (no Brasil ou
em qualquer lugar do mundo). E para mim está mais atual do que nunca...Aliás, tudo
que quero é dizer o oposto do que disse antes:
Preciso de terapia, quero fazer tatuagem, sou carente, não sou
racional, namorar é importante, penso em casar, (...), quero ter religião,
estou careca, não sou confiável, tenho vulnerabilidades afloradas, pretendo
morar em São Paulo por mais anos (será¿), penso em morar fora... Na verdade, não
sei o que quero do futuro. Não tenho certezas, só dúvidas. E meu teclado não tem
ponto de interrogação...
(10-07-2013)
Entre aspas: Não existe atalho para a vida que eu quero. Do
filme “Educação”