quinta-feira, 21 de outubro de 2004

O Diário da Visita*

Jornalismo cinco estrelas*****
O Diário da Visita*

Domingo, 26 de setembro, 8 horas, Maureen, seu pai Clormes - nosso motorista - e eu, Guilherme, nos encontramos próximo a UFMS com o destino lixão. O objetivo era encontrar crianças que trabalham no local. Fomos nos afastando do centro da cidade, e à medida que avançávamos as casas eram mais simples, as pessoas que víamos pela janela eram mais humildes.

Chegando no Dom Antônio, um dos bairros mais pobres da cidade, nos deparamos com o lixão no horizonte. Era dia de feira no bairro, havia muitas pessoas na rua, de repente acaba o asfalto, casas agora só de papelão. Fim das casas, começo de entulhos e tão almejado lixão. Antes de chegar percebemos uma família que ia a nossa frente em uma bicicleta. Um homem, uma mulher e uma menininha que provavelmente não teria mais que cinco anos. Eles chegaram no entulho e já foram catando pedaços de madeira. A menininha ajudava.


Filmávamos de longe quando um simpático senhor nos convidou para entrar. Entramos no centro de aterros em frente ao lixão e depois de nos apresentarmos, dissemos o motivo que nos levara até ali: um trabalho de faculdade. Fizemos o mesmo ao chegarmos próximo da família, pedimos permissão para fazer algumas perguntas e filmar e o homem se negou a responder veementemente. Sua mulher parecia querer responder as questões, mas ele foi irredutível mesmo depois de nossas explicações.


Seguimos. Um homem trabalhava despejando dejetos de comida. Conversamos com ele que permitiu a filmagem. Foi uma conversa rápida onde soubemos que ele trabalha há dez anos nisso e ganha em torno de R$ 180 mensais. Disse que têm filhos, mas não leva para ajudar no trabalho. Afirmou que depois da fiscalização não há mais crianças ali. Seguimos, o cheiro já nos incomodava. A Maureen começava a tossir.

Chegamos ao fim do aterro e retornamos. Garças brancas se misturavam a paisagem de muito lixo e fumaça de galhos que queimavam ali perto. Cavalos se alimentavam. Na volta, resolvemos conversar com a família da menininha novamente. Desta vez, sem câmera. O homem respondeu as perguntas apreensivo: "Isso não vai me comprometer né?", questionou. Ao convencê-lo que não, respondeu que era gari e estava alí apenas para pegar madeiras. Não trabalhava no lixão. A mulher era dona-de-casa e achava dificuldade em matricular a filha de 6 anos em uma creche. "Agora ela já tá na escola, mas foi bem difícil conseguir", disse. O casal mora no Vespasiano Martins, bairro pobre que fica na mesma região, mas um pouco distante dalí. Tivemos que nos contentar com a entrevista apenas "in off".

Resolvemos ouvir as histórias do senhor que nos convidara a entrar no aterro. Foi quando começou o momento mais difícil da viagem. Um homem moreno, alto e gordo me disse que não podia filmar ali, e pediu que a Maureen parasse de gravar. Explicamos o nosso trabalho e ele disse que não tinha jeito: "pegou filmando ou fotografando apreendemos a máquina". Quase em desespero, dissemos que éramos estudantes. Ele disse: "Então hoje a gente apreende e segunda vocês trazem uma carteirinha que comprovem que são estudantes". Apresentei minha carteirinha do passe do estudante. Ele nos chamou para uma conversa dentro da guarita. Apesar de ser do outro lado da rua, Maureen disse que iríamos de carro. O "fiscal" de nome Vander concordou. O senhor ficou nervoso ao ver o fiscal e disse que nos preveniu para pedirmos autorização. No carro, Maureen trocou a fita com imagens por outra virgem.

Na sala, que cheirava mal e tinha revistas e pôster de mulheres nuas, o "fiscal" disse que faríamos um "acordo". Não tomou a câmera, mas tentou nos persuadir e amedrontar. Percebi os olhos de Maureen marejados. O homem disse que corríamos perigo no aterro. "Eles não gostam que filme podiam tomar a câmera e sair correndo", disse. Completou dizendo que para entrar lá precisava de autorização. Assustados e indignados fomos embora com a câmera. Depois a Maureen disse que ele pegou uma arma de uma gaveta e a guardou em outra.

Agora, iríamos rodar pelo D. Antônio atrás de crianças que trabalham. Vimos um menino em cima de um cavalo que cuidava de uma boiada. Ficamos com medo das vacas e só eu desci do carro. Mas tive receio de aproximar-me dele. A Maureen o chamou. Em cima do cavalo ele respondeu com tranqüilidade nossas perguntas. Disse que cuidava 40 cabeças de gado, que pertenciam a seu pai. Todos os dias pela manhã e que gostava de fazer isso. Aos 16 anos, ele estudava a noite.

Já próximos das casas vimos dois meninos procurando algo no lixo. Ao serem questionados disseram que procuravam pastas para usar na escola. Mostraram três que já haviam encontrado. Os dois tinham 11 anos e disseram ir quase todos os dias procurar coisas no local. "Um amigo meu já achou até um vídeo game", disse um deles. Os pais estavam cientes que os meninos estavam alí, segundo os dois. Mais à frente, uma "reunião" várias crianças e alguns adultos. Crianças que se dirigiam para o local disseram que lá eram distribuídos doces. Percorremos as ruas do bairro, em uma casa havia algumas pessoas reunidas na "calçada". Maureen desceu do carro e foi conversar com eles. Desta vez, eu permaneci no carro. Ví o nosso ex-colega de faculdade o Pastor José Carlos Prado. Candidato a vereador ele percorria as ruas do bairro e visitava as pessoas que assistenciava. Falei com ele que nos levou a casa de um homem que trabalha no lixão.

Edson Silva, humilde, mas orgulhoso de seu trabalho, disse que vai todo dia ao lixão. Contou que agora não tem mais crianças trabalhando lá, pois há fiscais e até policiais. Com três filhos, de 5, de 4 e o mais novo de 1 ano, tinha a mulher esperando mais um filho. As crianças se encantaram com a câmera. Era uma casa bem humilde. Edson disse que os filhos não vão ao lixão, mas não estudavam ainda, porque não conseguiu vagas na escola. A renda mensal da família varia muito, mas era em torno de R$ 200 mês, segundo ele. Que disse que todo dia trás algo para os filhos. "Eu chego e eles já vêm me atropelando, revistando meus bolsos e procurando por algo". Um dos filhos usava uma corrente achada no lixão, o pai fazia contas em calculadora de lá também, e o filho do meio brincava com uma espada quebrada. O homem nos mostrou uma caixa cheia de brinquedos que as pessoas haviam jogado no lixo. Bichinhos de pelúcia, espadas, carrinhos, homenzinhos, etc.

Já se aproximava das 10 horas, horário em que marcamos uma entrevista com uma menina de 14 anos, no bairro Universitária, na casa de sua tia. Ela tinha ido passar o domingo lá, já que morava no Jd. Aero Rancho. Aos 14 anos trabalhava na campanha política de Vander/Agamenon. Distribuía santinhos, fazia bandeiradas, e às vezes tinha que ir a comícios e reuniões que aconteciam à noite. Disse que gostava de trabalhar e já queria trabalhar, mas ninguém dava emprego para menores de 16 anos. Seu sonho é ser mirim. Aparentava ter mais que 14 anos, e estudava na 7ª série. Não gosta de estudar, nem faculdade quer fazer. "Quero terminar o 3º ano, tá bom já", disse.

Dali, fomos para casa de um menino de 16 anos, meu vizinho, que trabalhava como DJ na campanha política e por isso tinha parado de estudar. Ao chegar lá, a mãe dele abriu o portão e perguntei se ele estava, ela disse que não. Nesse momento, um garoto virava a esquina e vinha em nossa direção com um carrinho de picolé. Quase pulamos de felicidade. Após comprar alguns picolés, colocamos a câmera para carregar na casa de meu vizinho, pois a bateria estava fraca.

Tivemos que filmar a entrevista dentro da casa. O menino de 13 anos vendia picolés aos sábados e domingos para ajudar a mãe. Apesar de ter seis irmãos morava sozinho com ela. Estuda e quer ser advogado. Morador do Los Angeles, pegava o carrinho de picolé em uma sorveteria, alí na Universitária, e os vendia nos bairros Canguru e Centro-Oeste (distante cerca de 3Km dalí). Nesse dia o sol estava muito quente, fazia mais de 40º em Campo Grande. Após a entrevista agradecemos a família que nos emprestou a casa e demos alguns picolés para crianças que brincavam na rua. Ainda o filmamos vendendo picolé para uma menina. Fomos embora chupando picolé, passamos por uma passeata política e nos despedimos às 10h55 em frente à UFMS, onde fiquei para pegar um ônibus.

*Esse é o diário da visita feita para gravarmos as imagens para o trabalho sobre Trabalho Infantil Urbano da disciplina de Técnica de Reportagem (professor Edson). Aprendemos muito com esse trabalho, ao comprar um picolé na rua ou dar dinheiro para um menino guardar nosso carro vamos ter a visão das causas e conseqüências desse trabalho. Vamos olhar não como se fosse normal, mas com indignação e revolta.

**No último sábado, em sua análise econômica, o nosso ex-quase-professor Ido Michaels disse que o salário mínimo do Brasil de R$ 240 facilitava a vinda de indústrias para cá e não para os países vizinhos, onde o salário mínimo é maior. Ele só esqueceu que em maio o salário foi ajustado para R$ 260. Relevem R$20 é uma micharia que não faz diferença para Ido...

*****Greyci Mara para chefe de departamento, Mauro Silveira para coordenador pedagógico...Essa campanha é minha. Mas acho que se isso acontecesse teríamos muito a ganhar...A rádio Corredor está ativa!!! O meu programa é na terça às 17 horas aguardem...
E vai ter outro feriadão aí pela frente: Sexta vai ser feriado, e terça é dia de finados. Ou seja, sábado, domingo, segunda e terça sem aula. E essa vai ser a semana do Fórum de Políticas Públicas que acontesse quarta, quinta e sexta. Uma semana sem aula! Esse Fórum é aquele que agente se empaturra de tanto comer...Quem se empaturra...Eu Não! Acredite quem quiser
Entre Aspas: A melhor notícia não é a que se dá primeiro, mas a que se dá melhor. Gabriel Garcia Márquez.

Entre Aspas II:Quer opinar? Primeiro tenha o que dizer. Segundo: Só diga se fizer diferença a quem ouve, a pessoa precisa enxergar alguma importância...Ricardo Noblat.

guilherme - 17:05:59
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segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Aula de Fotojornalismo*

No Fantástico mundo da rodoviária

Terminal rodoviário de CG é um universo paralelo e peculiar

O Terminal Jorge Laburu foi construído em 1976, à época era um dos mais modernos do país. Um centro de lojas, com amplo estacionamento no piso inferior, e um bom lugar para embarcações, além de dois cinemas, um com um restaurante dentro (o Cine Plaza, hoje desativado).

No ano seguinte à sua inauguração, Campo Grande se torna Capital de Estado e tinha um terminal rodoviário à sua altura. O lugar foi ponto de encontro das famílias nos anos 80. Mas, no final daquela década viu a construção do Shopping Campo Grande. Com o shopping, as famílias esqueceram da rodoviária. Os políticos se esqueceram da rodoviária. E foi isso que ela se tornou um lugar esquecido, abandonado, sujo e com leis próprias.

Hoje o lugar é um submundo onde tudo é permitido, e o que há de pior convive harmonicamente com embarque e desembarque de passageiros. Prostituição, venda de drogas, jogatina, agiotagem, alcoolismo e imundice dão o tom ao prédio onde famílias ganham seu dinheiro honesto em suas lanchonetes, farmácias, bancas de revistas, frutarias, relojoarias, lojas de CDs, lojas de produtos importados do Paraguai, salões de beleza e mercearias.

O Cine Center funciona com sessões diárias de filmes pornôs. Prostitutas e gays transintam com shorts mínimos se oferecendo para clientes. Máquinas fotográficas não são bem-vindas ao local. Menos ainda em uma lanchonete, com paisagens pintadas na parede, onde prostitutas se esfregavam nos clientes em plena luz do dia. A polícia? Circulava pacificamente pelo local sem se chocar com as imagens. "É tudo tão comum". Os policiais possivelmente são os melhores clientes dessa Campo Grande às avessas. O Bar do Distinto tem aquele visual velho oeste, cara de local antigo, muito instigante. Tirando fotos encontramos com a voz grossa que dá o som ao ambiente. Dono do sistema de som, o senhor gordinho, conhece muito bem aquele lugar e sabe o que ele representa. "Isso é a história viva da cidade", disse ele.

Os pós-adolescentes de tênis All Star, calça de marca e óculos escuros destoavam do lugar. Eles iriam embora, só estavam ali fotografando, depois sumiriam e viveriam suas vidinhas medíocres alheios ao que acontece ali. "Periferia é periferia", dizia uma camiseta exposta em uma loja. Outra apologizava a banda Racionais. Outras, pretas tinham monstros, caveras e sangue estampados. Em uma lojinha a bandeira do Brasil podia ser comprada a 1,99. No salão de beleza um índio corta o cabelo dos clientes com os quadros de Chaplin, Sandy, Madona, Xuxa e Michael Jackson na parede. Balas são vendidas no corredor. Ao lado, as prostitutas pedem para ouvir músicas e o cliente paga. Lps (discos) e fliperamas ainda existem aqui.

O Guarda-Volumes têm malas dos mais variados tipos, tamanhos e cores. Ainda tinha sacos, sacolas e até uma mobilete velha. Os taxistas conversavam sobre futebol e assistiam à TV, enquanto esperavam a próxima corrida. O pipoqueiro pousava para as fotos com orgulho. Enquanto o vendedor de balão se negava a ser fotografado. Na parte superior a fila para comprar passagens era grande nos guichês. Era sábado véspera de feriado, muita gente embarcando. Sim, as pessoas vêm a esse local para viajar também. Um motorista guardava as malas no bagageiro, enquanto outro que vinha de Alta Floresta (MT) continuava a viagem para Bagé (RS). Abraços apertados e choro ali, criança rindo ao ver o ônibus partir aqui. Outra corre arrastada pela mãe, atrasada para embarcar. Um imponente ônibus com pintura de índio e floresta estaciona. Que enorme contraste com o lugar.

Formas geométricas do telhado, os relógios antigos, os vendedores de chipa, de relógio, a loja de roupas e acessórios para bebê, a rodoviária...A rodoviária é que é o verdadeiro contraste. O prédio antigo da nova Capital abriga o Sindicato dos Cabeleireiros e Empregadas Domésticas, a Agetran, a Assetur, o caixa eletrônico do Banco 24 horas, o posto policial e o guichê de informação para estrangeiros. Além disso, em volta há um mundo também particular que existe, com exceção dos Correios, apenas por sua causa.

O terminal de transbordo de ônibus coletivo, com muita sujeira, precariedade e vendedores ambulantes é sua extensão. Tem a igreja Assembléia de Deus, o Posto Telefônico, o conhecido ponto de drogas (na esquina da Barão do Rio Branco), hotéis, lanchonetes, puteiros, a loja de santos, velas e badulaques espírita, uma outra igreja. Tudo a volta da Rodoviária depende dela e respira o mesmo ar, assim como os que nela trabalham e ganham a vida.

A Rodoviária vai mudar, o dia está cada vez mais próximo. E essas pessoas, e esse submundo, o que vai acontecer com eles? Vão se mudar junto com a rodoviária? Vão permanecer ali? Vai cada um para um canto? Ou simplesmente deixarão de existir? Não sei a resposta, mas tenho curiosidade em saber. Esse lugar me fascina desde criança e vou acompanhar as mudanças. Ver a possível reforma daquele prédio e no que vai se transformar. Vou presenciar tudo e chegar a conclusão que tudo tinha a sua volta acabou, mas ainda vai ter algo que vai resistir. E de um velhinho vou ouvir: "Ví eles construírem esse prédio e o transformarem em rodoviária e também ví ela ir embora". Nada é tão interessante quanto esses velhinhos, as histórias que viveram, as experiências, os medos, os pré-conceitos, a sabedoria e o sopro de vida que ainda têm.

Tudo me chamou atenção na Rodoviária, saí de lá completamente apaixonado. Mas nenhuma imagem foi tão forte quanto a da velhinha que tomava Coca-Cola e comia pipoca. Ela pousava para Maria Elisa que tirava uma foto dela. Rodeada por malas, seu orgulho de ser modelo era tanto que a alegria tomava conta do rosto franzido e cansado de tanta batalha. Com uma saia florida e uma blusa rendada a senhora morena devorava a pipoca como quem tinha fome e vontade de viver. Virava a latinha até ter que inclinar toda a cabeça para trás. Tomou até a última gota do refrigerante que jamais saberá o que representa (será?). Assim como viverá bem a vida até o último segundo (tomara!)

Da onde veio aquela senhora? Para onde ia? O que a vida fez com ela? O que ela fez da vida? E os dias que lhe restam como viverá? Tem filhos, netos, esposo? Quem se importa? Depois da foto tirada o breve agradecimento, vira-se as costas e começa a ser combinado o lugar para onde ia naquela noite e nas próximas do feriado. A senhora continuava ali, com sua fragilidade oponente, com suas malas, com a Coca-Cola e saco de pipocas agora vazios. O rosto ainda tomado de alegria.

Eu tive inveja dela! Quis comprar um saco de pipoca, parecia tão gostosa, mas eu não comeria com tanta vida e apetite. Tive vontade de tirar uma foto. O meu filme havia acabado. Tive vontade de ir falar com ela. Tá louco?! O que os meus colegas iam pensar?

Eu vim embora para casa. Ela ficou lá, com o vento batendo em seu rosto e esperando algo? O que esperava? O ônibus para viajar, ou alguém que buscaria a senhora que chegou de viagem? Porque na cabeça dela aquela moça pediu para tirar uma foto sua? O que a preocupava? O que a afligia? Onde sentia dor? Onde morava? O que a fazia feliz? Deixe disso, você já está atrasado para o trabalho e depois não tem tempo para digitar tudo isso...

Entre Aspas: A maior parte de nossa vida passa enquanto estamos fazendo as coisas erradas, uma parte enquanto estamos fazendo nada, e a vida toda enquanto estamos perdendo tempo. Sêneca

*Isso aconteceu no dia 9 de outubro e a sugestão de ter aula de foto (preto e branco) na rodoviária foi minha. Além do professor, Marco Túlio, foram Manu (minha companheira), Laiana, Thiago, Maureen, Maria Fernanda, Maria Elisa, Kely, Camila Abelha, e Miguel (que chegou no final). Tiramos filme de 36 poses em duplas.

guilherme - 14:15:24
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