sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os mistérios por trás da escrita

A dor e a delícia de escrever vão além da nossa percepção. É um momento de extravasar. É materializar sentimentos em palavras, que ficarão lá estáticas. Dando significados e sentidos que vão sendo lidos e interpretados de diferentes formas por quem as lê. Vamos sendo julgados por ela. Taxados, presos num rótulo e classificados pelos textos que construímos e vão de certa forma nos reconstruindo. Tenho necessidade de escrever, de extravasar. É quando me sinto vivo, ultravivo. É um desafio fazê-lo. Não sobra tempo, não há momento certo, não tem como planejar.

Depois vem o desafio de dar uma forma bonita, de publicar aqui, de parecer inteligente, de tentar arrancar comentários positivos. É como se a escrita tivesse que ser ordenada para agradar aos outros. O português tem que ser perfeito (um jornalista não pode escrever errado), a concordância tem que estar em todas as frases, elas tem que ter sentido. Como dar sentido à ideias que vêm desconexas, que tem como único objetivo confundir e embaralhar os pensamentos criando dúvidas durante o caminho?

O desafio fica maior quando sabemos que nossos espaços de publicação estão lá numa rede mundial, facilmente acessada por qualquer pessoa. Assim, vamos querendo fazer sentido, ser eternizados, ser aplaudidos. A naturalidade vai se perdendo junto com a assiduidade dos textos. É difícil não se reprimir e passar a controlar os impulsos de publicar textos como este. A quem ele interessa? A mim, aos meus sentimentos, à minha consciência. É para isso que serve esse blog também. À minha necessidade de escrever, de externar sentimentos, de extravasar. Sem necessidade de ser sério, coerente, de fazer sentido. Dos julgamentos, fica apenas aquela velha máxima de que só quem arrisca a dar a cara a tapa é criticado.

Pois, aqui estou eu. Disposto a dividir coisas com quem se dispõe a frequentar meu blog. Cheio de coisas para contar, para descobrir, para aprender e compartilhar.

*Este texto, quase auto-análise era só pra dizer: voltei a ter muita vontade de escrever. Tenho planos de fazer isso nos próximos dias e retomarei as publicações aqui com frequência.

Entre Aspas:
Existem momentos em que o que escrevo me surpreende, me puxa para não sei onde, em outros momentos fico dias parada em um mesmo lugar, trabalhando um detalhe, procurando ouvir o que é importante ali. Acho que o que me move a escrever é esse prazer que custa esforço. Beatriz Bracher.

Até, abraço!

Um comentário:

Guilherme disse...

É interessante que depois de algum tempo nossos próprios textos tornam-se estranhos a nós. Mesmo nos reconhecendo parcialmente dentro dele, os julgamentos são inevitáveis...