segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Uma dessas coisas que a gente deseja

“Quero o de sempre”, disse, ao encostar no balcão da padaria. A atendente me fitou por alguns minutos, tentou me reconhecer, pensou e indagou: “E o que seria, senhor?”

“Você não sabe?”, esbravejei, enquanto tomava fôlego para o meu discurso: “Quero a paz! A paz sempre. Embrulha num papel pardo uns dois quilos para eu levar para casa e ter de sobra para ir distribuindo pelo caminho”. Ela me olhava atônita. Devia pensar que eu era louco. Com um sorriso entre os lábios, inventou uma resposta: “Não temos isso senhor. Mas temos bomba, sonho, carolinas...”

“Eu quero 100 gramas disso tudo, mas quero Paz. Dois quilos, por favor, que eu estou com pressa”. Ela travou. Ficou me olhando como se tivesse dó e precisasse ajudar alguém que tinha perdido o norte. Engoliu seco e disparou, dessa vez sem nenhuma cortesia: “Não se vende isso em padarias, senhor”. Aquilo fez meu sangue ferver: “Como não? Deveriam vender! Onde está a gerente, quero falar com a gerente!”. Nesse momento, a padaria inteira olhava para mim e o chapeiro grandalhão já me encarava sem paciência. Percebi que, realmente, não tinha paz ali. Essas coisas mais subjetivas não são vendidas na padaria da esquina. Vou procurar em outro lugar em que eu seja compreendido e possa dizer: “Hoje, o de sempre, por favor!”

Entre Aspas: O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos.

3 comentários:

Débora disse...

Gui, que coisa mais linda! Lindo texto, lindas ideias, lindos sentimentos... Adorei!
E seria tão bom se vendessem paz por aí (entre outras coisas) :)
Beijocas

Anônimo disse...

Gui,
que lindo. quando encontrar onde venda a paz, me avise, por favor. Vou encomendar um quilo!

Nat

Natália Farah disse...

Gui,
que lindo. quando encontrar onde venda a paz, me avise, por favor. Vou encomendar um quilo!

Nat