domingo, 20 de dezembro de 2009

Crianças Velhas. Novos adultos

(Para o tempo que eu quero descer)

... E então cresceram. Eram aquelas crianças catarrentas que corriam pela rua, soltavam pipa, brincavam de bola de gude, jogavam bete, corriam no pega-pega e brigavam só para depois continuarem todas essas travessuras juntos. A rua ainda é a mesma, mas eles casaram, tiveram filhos, se mudaram e hoje projetam novos rumos. Realizam seus sonhos de infância. Muito da personalidade de cada um naquela época de jogos de vôlei, de queimada e do rouba-bandeira permanecem até hoje.

Eles engordaram, mudaram os cabelos, têm caras e corpos de adultos, usam barba, mas por minutos sustentam os mesmos sorrisos de antes. Talvez o que tenha restado em comum seja apenas isso, além das histórias, claro. E foram muitas. Das melhores e inesquecíveis fases da vida. Para alguns é estranho vê-los tão grande, um ou outro deles nem se percebeu adulto ainda, outros ainda relutam contra essa realidade. No entanto, todos são pressionados a assumir suas responsabilidades, a tomar rumos na vida e vão seguindo seus caminhos, construindo suas histórias. E de vez em quando se encontram, falam do passado, riem das lembranças e perguntam de fulanos e cicranos.

Saem renovados, com um ‘quê’ de vontade de reviver aquela fase. A vida segue, precisam segurar às próprias rédeas e prosseguir suas novas vidas de adultos. A esperteza, as trapaças, as vitórias, as derrotas, as virtudes e os vícios aprendidos quando eram crianças ainda se mostram presentes hoje em outros contextos. Os encontros, os choros e os risos é que ficaram mais escassos. O trabalho espera, o filho chora, o corpo muda, o relógio avança, a vida segue...

[18/10/2009]

Entre Aspas: A vida é a falta de definição. É transição. Nunca estamos prontos. Do filme Divã.

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