sexta-feira, 30 de março de 2012

Crise do silêncio

Hoje fui ao cemitério chorar pelos mortos alheios. Sofri com a síndrome do tempo parado: não venta, não chove, aqui só se morre. Até as árvores parecem mórbidas.

Comecei a procurar o coveiro. Deve ser um sujeito magro, mulato, com mais de 50 anos e olheiras. Sim, deve ter olheiras. Não sei porque, mas acho que elas são pré-requisitos de qualquer coveiro. Não que eu conheça muitos. Na verdade, não lembro de ter sido apresentado a nenhum. Vou achá-lo... Peraí, não é contraditório vir gozar do silêncio dos mortos e ir atrás do único vivo daqui?

Entre aspas: As palavras ferem o silêncio e com suas verdades insultam o que há de mais mágico: a imaginação. GSD.

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