quarta-feira, 11 de abril de 2012

Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios

O título desse post é também o nome do filme que dá à Camila Pitanga a chance de mostrar todo seu talento. Inspirado na obra de Marçal Aquino, o título torna-se uma homenagem à atriz. É daqueles filmes que se misturam à interpretação vigorosa da protagonista, com um personagem de múltiplas facetas – e Camila consegue ser todas elas com maestria.

Como se vê esse não é um texto jornalístico e nem uma crítica sobre o filme: é elogio, com adjetivos e palavras generosas ao trabalho da atriz. Trabalho que pesa no começo do filme. Por ser atriz conhecida da TV e ter executado com mérito vários personagens, Camila precisa convencer que não é a moça da propaganda da Caixa ou da novela das 8, ali ela é Lavínia.

Está linda, brejeira, simples, arredia, fogosa... Até aí, você acha que é mais uma personagem a la Gabriela. Nos flashbacks, é uma prostituta, bêbada, drogada, decadente... Camila mais uma vez convence e, apesar de não lembrar em nada a caricata Bebel, a sua prostituta de Paraíso Tropical, novela da Globo, a gente pensa: "ah, ok, ela também já fez isso muito bem, quero mais!".

E Camila, ou melhor, Lavínia, dá mais: está fogosa e com uma sintonia incrível com Caubi (Gustavo Machado) nas cenas de sexo; é dramática quando precisa; simples na hora de passar quase despercebida entre não-atores. Mas é na parte final, quando a vida da personagem muda completamente, que você solta um: “Nossa, sensacional!”.

Ela é tão convincente, que consegue deixar no chinelo o que a reduziria a ser só uma mulher bela e com brilho nos olhos. Lavínia agora não sabe quem é e Camila está irreconhecível – e não há recursos pesados de maquiagem para isso. Seu olhar, a expressão, os gestos e a fala mostram o quão talentosa é ao nos contar, sem precisar dizer, que teve um surto psicótico.

– Esse é o momento que mais temia. Conhecia pessoas da minha família que passaram por isso. Tinha medo de ter incorporado isso. Não queria me pautar pela minha experiência. Tive encontros com pacientes. Foram anos de terapia em um filme. Eu consegui olhar como artista, com subjetividade – conta.

Camila diz ainda que trabalhou muito para o filme, fez preparação corporal, experimentou e improvisou as cenas.
 – Esse foi o papel que mais me exigiu. Amo trabalhar. Estava sedenta por uma oportunidade como essa. Foi uma surpresa maravilhosa receber o convite. Tive formigamento no corpo, não era um terreno tranquilo, mas estava querendo ir para a guerra, sair do lugar comum – diz ela, após a pré-estreia no Cine Livraria Cultura, em São Paulo.

O diretor do filme, Beto Brant, confidenciou que queriam para o papel uma atriz que os fizesse tremer ao estar perto dela. Camila é dessas atrizes. E não é porque tem uma beleza desconcertante, mas também por que é simpática; tem sorriso sincero; olha no olho; é dedicada; engajada e inteligente (casa comigo?!).

O filme foi construído com cenas narrativas, que falam por si só, sem precisar explicar. “Estávamos em um rio comum, havia uma cumplicidade, generosidade entre nós. Isso criava uma dança não só entre atores, mas também com a equipe que tinha que bailar”, afirma Camila.

A atriz conta que a primeira cena de encontro de Lavínia com Caubi é gravada em plano sequência. São oito minutos seguidos em que atores, luz, som, foco, continuidade e tudo mais tinham que estar no ponto certo. “Quando conseguimos fazer o primeiro valendo, que deu certo para todo mundo, foi como comemorar gol na Copa do Mundo. Todos se abraçaram. Nunca vou esquecer esse momento”, confidencia.

Camila diz que viu vários filmes e atrizes desde a década de 1930 para construir o amálgama de Lavínia, suas várias facetas. “Fiquei porosa. Tudo que tinha a ver com a Lavínia guardava para ter com o quê jogar”. Pergunto se houve alguma inspiração em Penélope Cruz, mas ela diz que não, apesar de gostar dela. Em uma das cenas, em que está descabelada, fumando e incrivelmente linda e sexy é impossível não fazer a ligação: Camila é nossa Penélope.

Pitanga é uma das grandes atrizes brasileiras da sua geração. Devia fazer mais cinema, seu talento e beleza são grandes demais para a TV. Apesar desse desejo, ela segue seu próprio caminho e estará na próxima novela das 6 no segundo semestre. Analisando um pouco da sua carreira, ela fez coisas bacanas na telinha e talvez falte apenas uma vilã para nos convencer de vez que pode ser qualquer coisa, sendo a grande atriz que é!

O Filme:
A estreia de “Eu receberia as piores notícias de seus lindos lábios” é dia 20 de abril, em 50 salas de cinema de todo o país. Veja o trailer
aqui.

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