terça-feira, 3 de abril de 2012

São Paulo, três anos depois*:

1 – Consigo ver a beleza do pôr-do-sol e, apesar de ainda achar que a cidade podia ter mais céu, isso me faz menos falta;

2 – Continuo admirando a (Av.) Paulista;

3 – Minha aversão por Berrini e adjacências só aumenta;

4 – Ainda não encontrei uma lógica no clima e me dou mal com frequência por estar sem as roupas e acessórios adequados;

5 – O trânsito é o item que mais me irrita;

6 – Vou menos a exposições, peças de teatro, museus...;

7 – Vou mais a casa de amigos e recebo-os mais vezes em casa. Aliás, agora tenho alguns para chamar de meus;

8 – Ainda me pergunto de onde sai tanta gente quando vejo uma multidão no metrô ou qualquer outro ponto de aglomeração;

9 – Aprendi a gostar de virado a paulista, como feijoada com mais frequência, não resisto a um milho com manteiga derretida e amo pastel de feira e pizza (sempre gostei dos dois últimos, mas aqui isso se intensificou);

10 – Encontro tipos estranhos no transporte público*;

11 – Adoro paquerar no transporte público. Passar tanto tempo me locomovendo tem que ter alguma utilidade, né? Ler, dormir e escrever também são boas opções;

12 – Ainda não consigo achar o atendimento de São Paulo bom e referência como “o melhor que está tendo”;

13 – O centro da cidade me comove e acho incrível passear por lá (não gosto do termo “rolê”, mas vou guardar isso pro item 20);

14 – Encontro, por acaso, pessoas conhecidas, quase toda vez que saio;

15 – Acredito em amor em SP. Mesmo achando que a gente mora longe um do outro;

16 – Os fanáticos por futebol tomaram o lugar dos fanáticos religiosos na lista de pessoas que cansam;

17 – Pessoas morando na rua e em condições adversas passaram a ser “normal” #comolidar;

18 – Fico menos tempo comigo mesmo;

19 – Ainda não fui – e tenho muita vontade de ir – a D-Edge, Pico do Jaraguá e Cooperifa;

20 – Falo “meu” e meus amigos de fora dizem que já tenho sotaque de paulistano. É osso, mano!;

21 – Ando cada vez mais acelerado;

22 – Uso calças mais slim, camisa xadrez e barba, mas nem de longe sou indie;

23 – Não desisti de achar que posso vencer o tempo. Isso significa que saio de casa cinco minutos antes de um compromisso do outro lado da cidade e juro que vou chegar a tempo;

24 – Tenho mais liberdade, menos saúde;

25 – Às vezes, minha ficha de que moro aqui parece ainda não ter caído;

26 – Vivo numa gangorra emocional e me tornei mais bipolar;

27 – 85% das minhas refeições são fora de casa;

28 – O grau de importância do item trabalho começa a diminuir;

29 – Tenho barba, menos cabelo, mais olheira, menos barriga;

30 – Sou mais notívago e amante de bares e afins;

31 – Substitui o jornal pela internet;

32 – Vou menos e sinto menos falta de Campo Grande;

33 – O tempo aqui é muito mais intenso. Esse três anos parecem uns cinco, pelo menos.

*completos em 1 de março

**Escrevi esse texto em um ônibus e fui interrompido por uma mulher meio doida que queria saber se eu era escritor. Após um diálogo esquisito (ela perguntava de forma agressiva/debochada), desisti do papo. Ao perceber meu silêncio, ela soltou: “Saiu uma lei proibindo escrever em ônibus”. Diante do meu desdém, ela começou a me cutucar e educadamente pedi para parar de me tocar. Ela ficou resignada e continuou tentando ver de soslaio o que eu escrevia na minha agenda...

Entre Aspas: O brasileiro gosta do horror e a nossa cidade é emotiva como uma senhora gorda. Nelson Rodrigues.

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