quarta-feira, 8 de julho de 2009

Paulicéia desvairada

Buzina, urina e cinza. São Paulo não é isso, é isso, é mais que isso. Achei o meu último texto injusto, limitado. Agora toda vez que saio na rua fico com vontade de acrescentar o post anterior. Talvez se escrever sobre o que vejo a cada dia, ao final de um ano, a reunião de todos os meus textos ainda não contemplará o que é São Paulo.

Essa metrópole é muito. É 120 quilômetros por hora, é sempre no superlativo. Para ligar tudo isso, só mesmo o metrô. A melhor invenção do homem na modernidade. Não dá para imaginar a cidade sem ele. No começo, era quase uma aventura. Aquela coisa do caipira que acha o máximo se transportar dessa forma. Pin-dôôôn!!! Hoje corro e entro no vagão mesmo após o apito que avisa que as portas vão se fechar. Agora é cada vez mais corriqueiro utilizar o metrô (mesmo não pegando todo dia), mas ainda acho o máximo atravessar a cidade em 20 minutos...

São 455 anos de história, museus com quadros de Picasso, Van Gogh, esculturas, fotos e tantas outras coisas que tem até espaço, para as próprias pessoas se transformarem em museu (www.museudapessoa.net). São shows, peças e baladas que só acontecem aqui. Filmes culturais exibidos gratuitamente a cada fim de semana em um festival diferente. Tem as pessoas produzidas em série – como dizia a Maureen -, que usam as mesmas roupas e cabelo e se comportam da mesma forma, e os malucos que de tão estranhos, tenho certeza, que são cópias únicas.

A sede das grandes empresas, o local dos meganegócios, as referências e os modelos que são replicados no restante do País. A cidade encanta, atrai e te engole. Te consome e te prende a sua loucura. Afaga ao receber e te dar de bandeja todas as oportunidades ao alcance de suas mãos.

Os paulistanos não são fechados como se pinta por aí. Pelo menos, é bem mais aberto que o campo-grandense. Estão sempre dispostos a dar informação. Até por que aqui ninguém domina a cidade toda e uma hora ou outra sai da condição de informar para pedir informação. Ainda estranho quando pedem informação para mim. É mais estranho ainda quando eu sei responder o destino questionado.

Adoro meu anonimato. Vou ao supermercado, ao cinema, ao shopping, ao bar e não conheço ninguém. Não há semi-conhecidos vigiando meus atos e seguindo meus passos. De onde sai tanta gente às 7 horas na Sé? É impressão minha ou São Paulo está sempre a beira do caos? Como são Paulo consegue dar certo? Que misterioso mecanismo não deixa a cidade degringolar de vez?

São Paulo ás vezes acha que é Paris. Na sofisticação forçada, na maneira de se vestir, no jeito de se comportar... Aqui o amor homossexual é livre e esse tipo de casal está em todos os lugares. Tem sempre alguém te vendendo algo, querendo que você consuma determinado produto.

Como é ruim o atendimento no comércio aqui. O porteiro, o garçom, a atendente da padaria, o cobrador, nenhum deles faz questão de serem simpáticos e bem servir. Os emos estão por toda a parte. O mapa do estado de São Paulo fica sempre sob nossos pés, nas calçadas que num jogo de branco e preto formam o contorno geográfico de SP.

O povo da baixada santista e do ABCD leva até duas horas e meia só para estar aqui diariamente usufruindo desse turbilhão de coisas. Na balada, não estranhe se o telão com profusão de imagens reproduzir cenas dos programas policialescos de fim de tarde. A vida possui outro ritmo. As pessoas são ligadas no 220 watts. É até difícil dormir com tanto estímulo. É mais complicado ainda terminar esse texto com tanto a dizer, com certeza de que amanhã caminharei pelas ruas e perceberei tantas outras coisas que não foram ditas aqui. Mas, por ora, it’s all that.

Um comentário:

Sylvinha disse...

Olá Guilherme, boa tarde! encontrei seu blog por acaso navegando no Twitter, para ser mais precisa. Sou jornalista também e moro em Campo Grande. Excelente seu texto sobre SP... parabéns! Você teve a mesma impressão que eu tive quando estive por aí... sucesso pra você!